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Categoria Economia: FERNANDA GIANNASI

11/02/2018  / ATUALIZADO 16/02/2018
Fiscal do trabalho, Fernanda Giannasi atuou fortemente para banir o amianto  - Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
 
 

Em 1940, em Bom Jesus da Serra, no semiárido baiano, começava no Brasil a extração do mineral que seria responsável, décadas depois, por doenças e pela morte de milhares de trabalhadores. Diante disso, o dia 29 de novembro do ano passado foi histórico. O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a produção, o comércio e o uso do amianto no Brasil, em resposta ao intenso movimento de trabalhadores, médicos, fiscais do trabalho e advogados para banir o uso da fibra cancerígena. Desautorizado em mais de 70 países, o amianto já matou mais de dois mil brasileiros. A auditora fiscal do trabalho Fernanda Giannasi é o retrato, a força motriz dessa luta.

Fernanda empenhou-se para manter um ambiente menos insalubre nas fábricas. Ajudou ainda os doentes a buscar atendimento médico e reparação na Justiça. Fernanda conhece pessoalmente, ou de nome, cada trabalhador que adoeceu e as famílias dos operários que morreram de mesotelioma (câncer provocado pela fibra) e de asbestose (quando o pulmão endurece, causando insuficiência respiratória). E ajudou a fundar a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea).

A auditora também assessorou parlamentares nos projetos de banimento do amianto em estados e municípios. Por meio da Abrea, junto com procuradores e juízes do Trabalho, ela ingressou com ação no STF para que a lei de 1995 que permitia o uso do amianto fosse declarada inconstitucional.

— O Prêmio Faz Diferença é o reconhecimento público de um trabalho realizado há mais de três décadas e que deixou de ser uma luta solitária e vanguardista, agregando os principais líderes e movimentos sociais do país em prol da defesa intransigente da vida da população. As pessoas ficaram expostas anos a fio, sem qualquer tipo de informação e proteção, aos riscos do cancerígeno mineral amianto, presente na maior parte das construções do país. O prêmio, somado à importante decisão proferida pelo Supremo, alinha o Brasil no mapa das nações desenvolvidas socioambientalmente e traz perspectiva positiva para outros movimentos que lutam em trincheiras semelhantes — diz Fernanda. — A todos que apoiaram a nossa indicação e que votaram para que estejamos lado a lado de reconhecidas e respeitadas personalidades nacionais, nossa imensa gratidão.

O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Fleury, afirma que o prêmio vai ser entregue “a uma pessoa que optou pela vida dos trabalhadores”. Já a procuradora do Trabalho Márcia Kamei, do Programa Nacional de Banimento do Amianto do MPT, destaca a dedicação de Fernanda:

— Poucas pessoas têm abnegação para colocar as necessidades de uma coletividade diante das suas próprias, persistência para se manter firme em uma causa por décadas, generosidade para repartir seu amor de mãe com tantos trabalhadores. Fernanda Giannasi é uma dessas exceções e, por isso, faz tanta diferença.

JURADOS: Luciana Rodrigues (Editora de Economia); Maria Fernanda Delmas (Editora executiva); Lauro Jardim (Colunista); e Roberto Olinto (Presidente do IBGE, vencedor do Prêmio Faz Diferença 2016 nesta categoria).

Veja neste link a lista completa de vencedores do Prêmio Faz Diferença 2017