AmiantoO amianto ou asbesto é uma fibra mineral

Uso controlado: Mistificação ou Realidade?

A ideologia do "Uso Controlado" não nasceu exclusivamente para defesa dos interesses da exploração do amianto, mas de um movimento articulado internacionalmente, preocupado com a crescente tomada de consciência da população sobre os riscos a que se submete tanto no trabalho, como enquanto consumidora, no contato e na utilização de determinados produtos.

O lobby do amianto tem sido comparado ao do tabaco pela similaridade de suas táticas para negar sistematicamente os riscos associados às suas atividades.

A preocupação dos ambientalistas em todo o mundo e o espaço que a mídia tem dedicado a estas ações fez com que as grandes corporações transnacionais, principalmente, buscassem se redimir perante a opinião pública de seus anos de total despreocupação com a saúde e meio ambiente, em sua lógica de acumulação devoradora e depredadora. Surge daí o chamado marketing verde, os programas de atuação responsável, "Responsible Care" da indústria química e os Programas de Qualidade Total, Responsabilidade Social e outros tantos na busca não só da competitividade, mas também da isenção de futuras responsabilidades civis e criminais de seus produtos e serviços, como se isto eliminasse os seus passivos sócio-ambientais. Querem discutir só daqui para frente, eliminando suas ações depredadoras do passado. São, portanto, abstrações com objetivos ideológicos que não têm tradução precisa na realidade concreta.

Pensar em "Uso Controlado do Amianto", caso ele fosse realmente possível, pressuporia não se omitir nenhum tipo de informação a quem quer o manipule sob as diversas formas. É poder interromper, sem punição, a atividade quando o trabalhador julgar haver risco ou se sentir ameaçado, sem depender da tutela do Estado, dos técnicos e do próprio Sindicato. É não ter de se submeter a critérios técnicos de avaliação para caracterização da nocividade de seu ambiente, enquanto os mesmos forem definidos por conjunturas políticas e econômicas, o que acreditamos ser impossível em um país com relações trabalhistas tão antidemocráticas, pois falar em uso controlado onde os trabalhadores não têm o direito sequer de opinar como, quando e quanto produzir é no mínimo uma hipocrisia, que se torna criminosa quando se conhece tão bem as conseqüências à saúde dos trabalhadores expostos ao amianto.

Abraçar a tese do uso controlado do amianto, em nossa opinião, é assumir, no mínimo, a co-responsabilidade de suas conseqüências.